Mas especialistas avaliam que a maior parte das empresas deve seguir
contratando funcionários em regime temporário no final do ano
As empresas terão de fazer as contas para avaliar se os gastos com os
trabalhadores temporários - que costumam ganhar espaço no mercado no fim do ano
- seriam menores caso optassem por contratar mão de obra intermitente, modelo
que permite o trabalho descontinuado, por alguns dias ou horas, para executar a
mesma função.
A inclusão do profissional intermitente na mudança das
regras trabalhistas foi alvo de críticas desde o início da discussão da
reforma.
A modalidade é acusada de ser uma forma de precarização. A intenção,
segundo o governo, é aumentar a oferta de vagas, incentivar contratações de
quem hoje está na informalidade e permitir que o funcionário exerça mais de uma
atividade ao mesmo tempo.
"A empresa vai ter de avaliar caso a caso. O empregado temporário
tem o custo adicional da agência e a garantia de que alguns benefícios que os
trabalhadores por tempo indeterminado têm sejam obrigatoriamente transmitidos
para ele, além de receber hora extra.
O intermitente pode ficar mais barato, a depender da necessidade da
empresa", diz Wolnei Ferreira, diretor Jurídico da Associação Brasileira
de Recursos Humanos (ABRH-Brasil).
"Com as novas possibilidades que se abrem agora, o empresário
começa a questionar processos e tentar entender como a alocação da mão de obra
em tempo parcial pode fazer sentido", diz Jorge Jubilato, da Roldão
Atacadista.
A empresa de atacarejo tem feito estudos para repensar a escala de
trabalho dos funcionários, considerando os horários de maior fluxo nas lojas
agora e no fim de ano, para avaliar se vale a pena ter alguns dos empregados
trabalhando só em horários específicos.
"São contas que todos precisam fazer. Muitas vezes, a maior
vantagem não é ter temporário ou intermitente, mas contratar por um período de
experiência e depois avaliar se vale absorver o funcionário."
Os especialistas avaliam, no entanto, que a maior parte das empresas
deve evitar experimentar mudanças bruscas de planejamento e seguir contratando
funcionários temporários para o fim de 2017.
O intermitente deve ganhar espaço apenas nos próximos anos.
"Os empregadores mais voluntariosos e dispostos a tomar risco
talvez façam isso logo, quando for conveniente para a empresa, se eles se
sentirem motivados por um possível aumento da competitividade", diz o
advogado José Carlos Wahle, da Veirano.
"A maior parte das empresas entende que não precisa experimentar
todas as opções que a reforma traz logo de uma vez e o melhor é ficar atento ao
que der certo e errado nos concorrentes."
Fonte: Estadão